Já não é a primeira vez que escrevo o quanto odeio receitas de bolos feitos em banho-maria e os esforços de pesquisa que invisto para encontrar alternativas (como por exemplo no bolo de chocolate sem farinha). Mas para fazer quindim não há volta a dar, é preciso acordar um dia e pensar ‘é hoje’: É hoje que vou viver o risco entre uma papa de coco ou um pudim espelhado que se derrete na boca e que, com apenas uma colher, nos faz acreditar que a vida tem um sentido cosmicamente perfeito.
A minha questão transversal com o banho-maria é qual a quantidade suficiente de água. Nos programas de TV, existem sempre formas perfeitas que se encaixam umas nas outras e que levam a quantidade ideal de água. Em minha casa, tenho à volta de 20 formas, sendo que normalmente uso só 2, independentemente da receita. Em todas as tentativas que fiz, nunca encontrei nenhuma que ficasse bem. Ou a água transbordava, ou em formas de buraco faziam vácuo… um pesadelo. Até que finalmente usei o tabuleiro preto que vem sempre com os fornos… e resultou! Coloquei água até cobrir o fundo, pus a forma em cima e no final… um quindim perfeito.
A Receita
- Num tacho pequeno juntar 300 g de açúcar e 120 mL de água. Colocar a aquecer, no máximo; quando levantar fervura, deixar 2 minutos e retirar do disco.
- Hidratar 150 g de coco ralado com 100 mL de leite de coco.
- Separar 10 gemas e juntar à mistura de coco, mexendo com uma batedeira de varas manuais.
- Juntar o açúcar, em fio, à mistura de coco. Nunca deixar de bater para que as gemas não fiquem cozidas.
- Deixar a mistura repousar 5 minutos.
- Untar uma forma com manteiga e açúcar: pode ser uma forma normal ou de chaminé. Levar a forno pré-aquecido a 120 ºC por 50 minutos.
- Desenformar ainda morno.
Eu gosto mais dum quindim em forma redonda, para criar aquele efeito de espelho que vocês conseguem ver na fotografia. É dramático e saboroso ao mesmo tempo. Claro que os brasileiros inventaram isto porque como a média de temperatura lá é 40 ºC, eles estão numa sauna constante e uma fatia de bolo gasta-se fácil. Aqui temos que ser um pouco mais imaginativos, mas olhem que vale a pena.