Então mas fui fazer ratatouille e não o fiz todo bonito, como no filme da Pixar? Há decisões difíceis de compreender mas esta não é uma delas. A verdade é que, normalmente, prefiro fazer a versão mais tradicional das receitas e só depois embarcar na aventura de inventar.
O problema com esta teoria é que não tinha beringela em casa, um ingrediente quase obrigatório no ratatouille. Também não usei tomilho, outro ingrediente quase obrigatório. Mas usei alho francês, o que surpreendentemente não ajuda nada nesta causa. Será que deveria chamar ratatouille a isto sequer? Chamei-lhe Casarecce com ratatouille que assim ninguém se chateia.
- Começa-se por cortar os vegetais em pedaços. Cortei meia cebola, meio pimento vermelho e meio amarelo, meia curgete e um alho francês em cubos de 2cm;
- Coloca-se este bonito festival de cores num tabuleiro, tempera-se com sal e com algumas ervas secas: salva, manjericão e orégãos. Rega-se com azeite e vai ao forno a 200ºC até ganhar alguma caramelização;
- Entretanto, começa-se a fazer o molho de tomate numa frigideira, amolecendo 1/4 de cebola e 1 dente de alho em lume médio;
- Junta-se meia lata de tomate pelado e picado, tempera-se com sal e deixa-se borbulhar lentamente;
- Quando os vegetais estiverem no ponto, tira-se do forno e deita-se no molho de tomate, reduz-se o lume e tapa-se;
- Numa panela com água e sal abundantes, cozinhar a massa até estar al dente. Juntar ao molho de tomate com um pouco da água de cozedura, para aveludar;
- Servir e ralar por cima queijo parmesão, grana padano ou pecorino.
Conselho de Comilão sobre massa seca
- Nesta receita usei casarecce da Milaneza, da edição de molde de bronze, mas se encontrarem da Garofalo ou da La Molisana também está ao mesmo nível. Na massa seca, tentem usar sempre destas feitas em bronze. São fáceis de distinguir, porque são mais clarinhas e mais porosas, o que as faz muito melhores com molhos. Se usarem das outras, que são extrudidas em aço revestido com teflon, tentem das que são feitas com trigo durum, como as Barilla ou Panzani.
O ratatouille é extremamente versátil e pode ser acompanhamento para carnes vermelhas ou peixe, ser servido com pão ou arroz ou como uma salada quente ou fria. Eu, todo armado em cozinhas de fusão e não sei quê, peguei nele e levei-o para Itália, apesar de eles já lá terem a caponata. Às vezes, as fronteiras são linhas imaginárias que servem para coser os povos, em vez de os separar. Pensem nisto, enquanto eu vou fazer um post no facebook com esta frase.