“Ei lá! Tantos acentos tem o nome desta sobremesa” – exclama o leitor menos conhecedor desta iguaria francesa. Pois é meus amigos, há coisas na vida em que é preciso mostrar que as coisas são especiais através da grafia.
O crème brûlée é, segundo consta, a versão original do leite-creme ou da crema-catalana. É daquelas sobremesas sobre as quais a minha mãe diria “pagavas um balúrdio por isto num restaurante”, e não é mentira. Fui buscar esta receita ao Alton Brown, uma das minhas pessoas preferidas do mundo da culinária e que conheci no Iron Chef America. Ou seja, aprendi a fazer esta receita francesa com um americano…acham que os franceses desejarão a minha morte?
- Começa-se por colocar, numa pequena caçarola, 500ml de natas;
- Corta-se uma vagem de baunilha a meio e guarda-se. A outra metade, corta-se longitudinalmente e retiram-se as sementes de cada uma dessas tiras. Juntam-se as sementes e as tiras às natas;
- Aquece-se as natas em lume médio, mexendo de vez em quando, até se ver o primeiro borbulhar e retira-se do lume. Não queremos fervê-las! Nem pensar numa situação dessas, ai meu deus! Reserva-se no tacho, tapado, durante 15 minutos;
- Numa taça, batem-se 3 gemas com 3 colheres de sopa cheias de açúcar, até ficar um pouco mais pálido;
- Verte-se um pouco das natas para os ovos e mexe-se, para os habituar à temperatura. Com um coador, de preferência, deita-se o resto das natas, mexendo sempre;
- Pré-aquece-se o forno a 160ºC. Num tabuleiro, forrado com um pano, colocam-se ramequins ou quaiquer taças que se queira usar, desde que não sejam muito altas. Enche-se os ramequins, põe-se na prateleira do forno e enche-se o tabuleiro com água quente até ficar a meio das tacinhas;
- Deixa-se no forno durante 40 minutos;
- Retira-se e, quando estiver morno, vai ao frigorífico pelo menos 2 horas;
- Para servir, polvilha-se com açúcar e queima-se com maçarico.
Conselhos de Comilão
- Confiem no poder da baunilha! É um ingrediente caro mas dá para duas vezes ou, se guardarem com açúcar, ficam com um verdadeiro açúcar baunilhado e dá para mais vezes ainda.
- Usem natas em que confiem. As minhas preferidas são as da Mimosa. Não usem nada de natas light nem essas brincadeiras de mau gosto, não vai resultar.
- A camada de açúcar, antes de queimar, convém ser fina, senão ficam ali com um disco de caramelo tão espesso que dá para gravar os Mega Hits 2020.
Todos já viram o prazer que as pessoas mostram ao partir o caramelo num crème brûlée em programas como o Masterchef. É um momento solene que está à distância de aquecer natas, juntar a ovos com açúcar e meter no forno em banho-maria. Precisam de investir num maçarico mas, depois de o terem, cada vez que fazem fica mais barato. Comer crème brûlée é, portanto, uma maneira de fazer poupança.